A Caixa de Pandora (52)
13/09/2008
Imagine-se caminhando por ruas decadentes, onde a pobreza é notada em cada esquina e a loucura começa a se instalar nas mentes de todos que cruzam seu caminho. Locais que, mesmo sendo centrais e bem situados são inóspitos e deprimentes. Uma estrada de ansiedade e agonia, em que o medo é mostrado nos rostos melancólicos das pessoas que lutam por uma sobrevivência cada vez mais dificultada e em que a violência e o terrorismo assombram o mais corajoso dos soldados. Imagine-se ouvindo noticiários intermináveis, dizendo que os conflitos na Bósnia tiveram suas chamas reacendidas por uma fagulha de intolerância religiosa entre os povos, que ataques como os daquele fatídico 11 de Setembro podem acontecer a qualquer momento e que uma Peste Branca se espalha pelo mundo matando todo o tipo de gente; enquanto, na outra emissora, a reportagem se refere a acontecimentos sobrenaturais na Torre de Londres e nas Catacumbas Romanas. Imagine, ainda, sua consciência sendo tomada por todos esses preceitos e sua mente sendo bombardeada, a cada segundo, com uma chuva de questionamentos acerca de sua integridade moral, de suas virtudes e pecados, suas qualidades e defeitos, aquilo que pode salvá-lo ou condená-lo à danação eterna. Tudo isso cercado de um monstruoso fanatismo e de uma exacerbação nos sentimentos ocultistas e místicos da humanidade.
São essas imagens que formam a atmosfera de Crepúsculo. É este o ambiente onde uma Guerra Santa Urbana destrói lares, cria heróis e assassinos, faz pactos e inimigos. Um mundo que se encontra, ao mesmo tempo, à beira da loucura coletiva e de um recomeço são e puro. Um constante paradoxo cercado de paranóia, desespero e exaltação.
Um universo onde sentir um dejà-vu pode significar até mesmo ter uma visão do sobrenatural e ser um fanático religioso pode se tornar a maior das aventuras de um mortal.
Bem filho, você está prestes a embrenhar-se verdadeiramente no conhecimento oculto dos antigos, do Astral, da espiritualidade intrínseca e extrínseca que existe em nossa Mancha de Existência. A partir de agora começara a perceber que a vida é mais do que simples nascimento, crescimento e morte. Começará a entender que o universo é infinitamente mais complexo do que sua ciência jamais foi capaz de imaginar. Nos próximos dias tornar-se-á, legitimamente, parte da Guerra Santa. Por isso, devo lhe falar mais a respeito dessa peleja que ocorre mundo afora.
Não pense que tal guerra restringe-se apenas aos conflitos no Oriente Médio, ou ao ódio alimentado contra os Estados Unidos por milícias Islâmicas. Não é apenas isso, infelizmente. A bem da verdade, talvez essa fosse apenas uma batalha, um capítulo de um combate que ocorre por milênios a fio. E estamos todos envolvidos, meu jovem. Alguns são peões incapazes de perceber sua situação no conflito. Manipulados, direcionados e movimentados conforme as vontades das esferas superiores da existência, esses mortais vivem suas vidas em nome da nova ordem prevista pelos Deuses, ainda que nem desconfiem disso. Outros, porém, são capazes de utilizar-se de seu Livre Arbítrio de forma mais plena, mas isso tem um preço. Tornam-se integrantes reais da Guerra Santa.
Todos os eventos aqui descritos são fruto de uma ficção criada pelos mestres e jogadores de uma campanha de RPG ambientada em Juiz de Fora. Qualquer semelhança com a realidade e/ou outras obras de ficção é mera coincidência.